OS MOSH DEVEM SER A única banda (é provavelmente mentira, por isso substituo única por melhor) praticante do fervente hard-rock à moda dos states. Quando o rock explode e os músicos exageram ao conquistarem a quão poderosa como perigosa ambição de subir o volume de tudo, gritar - e tome-se nota: as mensagens podem muito bem ser as mesmas (sina do rock) -, deitar tudo para fora mais física que liricamente. Não fosse essa parte e tínhamos Metal. No fundo, é o que é sério e não é punk nem se desproporciona no hardcore. No caso dos Mosh há sentimento na folha; de verdade, verdadinha. Deve ser isso, aliado à forma orquestral como tocam apenas quatro elementos de elementares funções, que torna "The Damage Done" e a Promo de 2005 (discografia) alvos de caracterização 'metálica'. Penso eu de que...
A LENDA CONTA-NOS QUE TUDO começou com o habitual Sr. Inventor e seu íntimo computador, prosseguindo com as alianças posteriores de amigos e/ou convidados. Quem encarna o papel do tal gajo - o criador de riffs para mostrar ao pessoal - é Miguel Azevedo, de guitarra ao ombro. Seguem-se Pedro Lima na voz; Alberto Cardoso na bateria e o cada vez mais famoso Miguel Ramos no baixo - temos line-up. A reputação destes artistas (e vou directamente aos assuntos delicados do ego) é sem dúvida o bom nível que lhes pôde proporcionar os contactos e o sucesso de hoje. São este ano a revelação com a mediática actuação em Vilar de Mouros, por exemplo.
MÁRIO BARREIROS E MÁRIO PEREIRA são os nomes dos produtores do EP, lançado apenas na Internet porque tal como afirmam os Mosh: «Don't need one [record label], we've got Internet!». Depois de tanto falar mal até agora como actuarei daqui para a frente? Perceberam mal. É óbvio que sendo mais um singelo grupo dos estúdios MB entre tantos artistas de renome é difícil alcançar-se um título dentro dos melhores mas... os Mosh triunfaram, surpreenderam, estoiraram as minhas espectactivas. Tanto que da originalidade que poderia ou não ser posta em causa não levanto defeito.
A CANÇÃO QUE INAUGURA O formato dos portuenses denomina-se "Lost In Yourself Again". A interpretação leva-nos, como visitantes, à repulsão; mas aplicamos-lhe o potente refrão e restantes palavras e sim, fala-nos do vício, de uma prisão, de um amor. Down on me! O panorama futuro, marcado por um alinhamento de temas bem fortes não desilude e os pólos do ímane de emoções que pairam no ar a partir do clique no play colidem. Vem, volta, vem e volta a voltar. Where Are You Now?... Get It Riiiiiiiight!... "The Damage Done", o homónimo, é o momento mais cavernoso - não esquecendo as proclamações centrais, os versos de maior tiragem, que lhes dão já uma imagem de marca. «And the things that you do make me wanna pray!» "Family Scars" é o último tema da listagem, numa altura em que todos os grandes destaques foram anteriormente atribuídos e se leva a música como entretenimento e diversão, verificando-se portanto um decréscimo do sentimento. "Keep It Coming", numa actuação, escondido nos treze minutos que a faixa final aparenta, é um dos lemas dos Mosh - daquelas canções que nasceram para ficar e não necessitam de lembrete. No fundo é uma espécie de «só mais uma! só mais uma!».
TODO O INSTRUMENTAL É PERFEITO, dentro do quarteto moderno comum - plena dos referidos riffs de Azevedo, sons eléctricos do baixo de Miguel Ramos e percussão persuasiva q.b. de Alberto. Pedro Lima - e está longe de nos recordar o actor -, é um dos pontos altos dos Mosh. Um inglês óptimo, numa voz que aguenta o fogo e o desgaste da garganta - a gritar pelas entranhas! - sem papas na língua (pela destreza com que exala toda aquela intensa escrita), ou então mesmo com papas na língua [risos meus] e entendem-no se escutarem "The Damage Done" (EP) e o modo como canta.





:Mosh - "The Damage Done"/EP (2006)


1. "Lost In Yourself Again"
2. "Where Are You Now"
3. "Get It Right"
4. "The Damage Done"
5. "Family Scars"
Faixa Bónus: "Keep It Coming" (Ao Vivo)

Dois temas de "The Damage Done" e outros dois integrantes da Promo de 2005.

Hard Rock / Metal
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