Reportei-vos a lamentosa falta da entrevista mensal do mês de Julho na altura certa. Mas se essa não veio ao Mundo logo, foi por boas causas: achei-a valiosa; deveria aparecer aquando de uma novidade. A novidade foi a restauração da imagem do 'Café Roubado'. Valiosa? Sim, o valor existe, pelo menos para mim. Trata-se de uma conversa muito pouco formal e virtual. Esclarece dúvidas, curiosidades e explica-nos até certas razões do enorme sucesso de uma banda. Com Rui Maia. O teclista dos X-Wife, pois então. A colaboração foi esplendidamente bem aceite logo de início e o que a torna importante é a comemoração do centésimo concerto dado pela banda do Porto, no mês passado. Agora são mais que muitos os convites, os festivais não os largam e os estrangeiros abrem o bico - e tomem lá disto. Considerei-me um gajo de sorte por ter recebido um contacto deste meu convidado. Ele disse que acima de tudo «é uma pessoa normal», músico de sucesso ou não: em Portugal a simpatia e a união ainda não ruiram nem cederam por completo às tentações da maligna rotina e de algumas falhas no progresso social caloroso.
Se virá ainda outra 'entrevista mensal' durante este mês, de modo a compensar a inexistência em Julho? Quem sabe, meus caros, quem sabe.
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Miguel Cardoso | Rui, numa entrevista minha há sempre o “como vai a vida?”. A tua? A dos X-Wife?
Rui Maia | A vida vai óptima! Os X-Wife continuam a promover o novo disco, “Side Effects”, por todo o país. Na sala de ensaios já estamos a compor o que será o 3º capítulo da banda. Vai ser um álbum divertido. Aqui em casa estou um pouco ocupado com a minha loja de discos online [http://www.zebramusicstore.com]. Será lançada no início de Setembro. Até lá, muito trabalho!

MC | Creio que ainda existe uma certa curiosidade (nem que seja só a minha)… Esqueçam-se as datas, por exemplo, e diz-nos: "Como e quando é que se lembraram disto?"
RM | Os X-Wife cresceram naturalmente. Não foi nada forçado, conheci o João no “O Meu Mercedes É Maior Que O Teu”, no Porto; tínhamos como amigo comum o Fernando. Juntámo-nos numa sala de ensaios e desde logo começámos a compor músicas com os instrumentos que tínhamos. Podem ouvir o resultado no nosso primeiro disco “Feeding The Machine”.

MC | Agora tu, satisfeito com o sucesso ou querias mais?
RM | Todos queremos sempre mais. Mas não me posso queixar. Faço o que gosto! Há planos para o futuro dos X-Wife. Daqui a uns tempos adianto algo…

MC | Gostas da tua (vossa) música? Como vai o teu ego?
RM | Sim, gosto imenso dos X-Wife. É óptimo ouvir a intensidade destas músicas, resultante da química entre três pessoas. Nada de “virtuosismos” musicais… A química faz “meia” banda.
O meu ego?! Vai bem. É um ego simples, super normal, nada de exageros…

MC | Cem concertos… o centésimo é só mais um. Que tal foi a experiência do primeiro? Lembras-te?
RM | Sim, claro, o primeiro foi um concerto inesquecível. Foi na cave da loja de roupa “Agência”, no Porto. Um concerto para cinquenta pessoas que teve direito a crítica no jornal “Blitz”. Muitas das músicas tocadas entraram no álbum “Feeding The Machine”.
Lembro-me que o João e o Fernando, mesmo em cima da hora do concerto, estavam todos preocupados porque eu tinha decidido ir a casa e nunca mais voltava. Tinha adormecido… :)

MC | O vosso trabalho tem vindo a ser altamente apreciado pela generalidade dos ouvintes e críticos. O interesse empresarial, quando chegou?
RM | A editora NorteSul assinou os X-Wife ao segundo concerto, mais ou menos seis meses depois da banda ter começado.

MC | Comentários: o que é que tiravas e/ou punhas? (De forma a avaliar a passagem de “Feeding The Machine” para “Side Effects”).
RM | Lembro-me que quando começámos a gravar o “Feeding The Machine” eu insisti que o disco devia ser em mono. Claro que toda a gente ficou contra mim. Hoje vejo o quanto absurda foi a minha ideia!
Isto explica mais ou menos o que queríamos que fosse o álbum de estreia dos X-Wife. Um álbum crú, new wave – final dos anos 70, daí o tipo de produção 'suja'.
O “Side Effects” foi um álbum que nos deu imenso prazer a gravar/produzir. Foi mais pensado. As músicas transmitem a natural evolução da banda. É o nosso disco preferido. Ficámos totalmente satisfeitos com o resultado final, desde o design às canções intensas.
Em relação ao que tirava ou punha:
No “Feeding The Machine” substituía a “We Are” pela versão single inserida no nosso EP “Rockin’ Rio”. Além do resultado final ter sido brilhante, foi a primeira música que gravámos em estúdio.
No “Side Effects” tirava a música “Hot Shot”. Penso que está a mais no disco…

MC | O teu X-Wife Songs Top Five:
RM | 1. "Eno"*; 2. "Turn It Up"**; 3. "When The Lights Turn Off"**; 4. "Lost Lines"**; 5. "Panic"**.
* Pertencente ao álbum "Feeding The Machine". (Nota do Entrevistador)
** Pertencentes ao álbum "Side Effects". (N.E.)

MC | E o que é que tens curtido da música portuguesa?
RM | Gosto imenso do “Masquerade” do Legendary Tiger Man e do “Vol. 2” dos Dead Combo. Além destes discos nada me moveu (a sério) na música portuguesa. Espero por mais! Há talentos à vista…

MC | Adeus, Rui. Para fechar, nada melhor que um bom conselho, já que tu e os teus colegas formam um trio que venceu pela originalidade…
RM | Sê tu mesmo e faz o que gostas.

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Muito obrigado Rui, pela brilhante participação.

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»Análise: X-Wife (Discografia)

Remixes e outras misturas de Rui Maia e alguns temas dos X-Wife.

Rock Alternativo / Electrónica
http://www.myspace.com/ruimaia; http://www.x-wiferocks.com/ (X-Wife)
xwiferocks@hotmail.com (X-Wife)