Não conhecia o nome 'Clark'. Se se fizesse um inquérito na rua, poucos ou nenhuns seriam os que se lembrariam de responder «é nome de banda lisboeta». Estariam certos. Eu não conhecia Clark. Muito menos o nome. Mesmo a Internet não nos ajuda muito. É um caso grave do famoso factor «passou-me ao lado». O problema é que a banda em questão arrisca-se muito seriamente a acarretar com este desconhecimento, por motivos de azar, ou por não estar onde devia estar na hora certa. A resolução passa pelo mudar de nome? Não sei, mas isso também não vem à baila. Eu explico.
Em meados do mês passado, andava eu sem tocar na publicação do Café, recebi um e-mail como tantos outros, que me pedia para escutar uma canção e, se gostasse, que fosse experimentar mais no MySpace do grupo intérprete. A palavra 'Clark' não me suscitou a ideia do «eu já ouvi falar nisto», aliás, pelo contrário. «Banda nova, pensei.» Mas não. Os Clark têm um álbum, datado de 2001 ou 2002 intitulado "A Sombra da Lua", à venda na Internet por cerca de 18€ e comercializado pela Som Livre. Deviam por isso ser minimamente célebres? Esperem, que há mais. A constituição dos Clark, para além do vocalista-guitarrista João Alexandre; do guitarrista Marco Carvalho e do baixista Miguel Sapateiro, conta com um senhor que de certo já preencheu alguma página de revista jetset. Chama-se Sérgio Delgado, irmão gémeo do actor Marco Delgado (que encarnou inúmeras personagens em inúmeras novelas, ultimamente da TVI), e é baterista. Para concluir a minha pesquisa, que consta de meros acasos, é de se reparar que a afinidade entre o membro da banda por fim referido e o dito actor, pode ser a razão da existência dum tema de "A Sombra da Lua" na banda sonora duma das tais novelas da TVI ainda em exibição, "Tempo de Viver".
Todos esses motivos fizeram com que nas minhas audições me tenha sentido a pouco a pouco mais familiarizado com o projecto. E gosto. Gosto de Clark. Tendo canções em português e em inglês, verifica-se que é bem mais agradável e seguro ouvir os seus versos cantados na língua lusa, e que a sua sonoridade é determinantemente influenciada pelo pop rock britânico. Não tão acústicos como uns anteriormente criticados por cá, Retroverse, a inclusão de algumas teclas na gravação dos temas dos Clark, e a frescura das guitarras eléctricas conduzem-nos a uma harmonia natural e muito bem conseguida. Música que cheira a Primavera, que sabe bem ouvir. No entanto, volto a dizer o mesmo: por mais que se assemelhem a grupos ingleses como Embrace ou The Feeling e que tenham como ídolos Joy Division ou Radiohead, prefiro que a voz reze versos em português. Até porque esses são muito bonitos. A música da novela chama-se "Dual Destino" e soa muito bem em português, marcada pelos refrães «aaah-ah...» e, actualmente disponível no endereço MySpace, "Mais do Que Possas Imaginar" celebra «São tantas as horas a pensar: que irei fazer? Com meus braços posso-te abraçar, ou deixar partir...».
Tanto que recomendo, que peço que se escute. Uma coisa é certa: eu não conheço o preço do disco nas lojas, mas se rondar o mesmo preço do da Internet, bem que estes podem começar já a mandar e-mails com .mp3 para toda a gente, se não nunca vão atingir a ribalta. O meu contributo foi dado, pronto.

FOTOMONTAGEM MIGUEL CARDOSO / HTTP://WWW.MYSPACE.COM/CLARKPT


Quatro temas dos Clark.

Pop Rock
http://www.myspace.com/clarkpt